segunda-feira, 2 de abril de 2012

Release não é matéria!

Desde que a função de assessor de imprensa conquistou seu espaço e as agências se estruturaram de forma profissional, houve uma mudança de paradigma na relação do jornalista de redação para com o jornalista de agência de comunicação. Aqueles que fazem um bom trabalho conquistaram o respeito de pauteiros, redatores e editores chefes que passaram a entender a real função de um AI e sabem utilizar da melhor forma: prestação de serviço em prol da notícia e do leitor. 
Mas atualmente, alguns veículos extrapolaram essa barreira e estão deturpando indiretamente o trabalho das assessorias de imprensa quando publicam na íntegra o release, um comunicado a imprensa sugerindo um fato para ser reportado. Creio que falte entendimento sobre o release e a forma correta de utilizá-lo. O objetivo do release é estimular a publicação do tema proposto, ou seja, fazer com que o jornalista se interesse e queira noticiar ao leitor. Mas o entrave está justamente na maneira de fazer isso. Alguns jornalistas estão publicando o release na íntegra, e o pior, alguns até assumem a autoria. Desse jeito, o nosso texto perde credibilidade e passa a ver visto em diversos jornais, revistas e portais. Basta uma breve pesquisa no Google e pronto, lá está o release replicado no mundo! 
Confesso que, não deixa de ser um resultado importante de mídia para repassarmos ao cliente, mas sinceramente não é bacana. Tira nosso brilho, falta a sensação de dever cumprido e aquele sentimento de “podia ter sido melhor” vem a cabeça.  O que esperamos das redações é que recebam o release e adequem para o projeto editorial do veículo que trabalham. Por exemplo: se a notícia for um seminário, podem divulgar como nota em agenda, ou uma entrevista com o palestrante, quem sabe cobrir e solicitar personagens ou até mesmo, noticiar como pós-evento. Mas a correria das redações e a competitividade por “novidade”, sedentas por algo inédito e em primeira mão, faz com que nosso release seja  publicado na íntegra. 
Depois não adianta reclamar que o Google está punindo sites que publicam conteúdos duplicados. É óbvio! Até ele já percebeu essa falta de atenção ou quem sabe má fé de alguns “profissionais” que querem encerrar seu plantão mais cedo. 
Fica claro que conteúdos idênticos indexados em vários sites não é atrativo e sinceramente, considero uma falta de respeito ao leitor, que espera sempre o diferencial do veículo que é fiel, afinal release não é matéria!


Fernanda Merlo é jornalista, assessora de imprensa e Coordenadora de Atendimento da KB! Comunicação.

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